quarta-feira, 22 de julho de 2015

Opinião: as efêmeras "rainhas descartáveis" da música pop
Efêmero. Adjetivo sinônimo para "transitório", "momentâneo", "passageiro". Na área da biologia, é característica de uma flor que desabrocha e murcha em apenas um dia.

Vivemos tempos de efemeridade. Na era das mídias sociais, vale o que estiver em seu feed. Na sua linha do tempo do Facebook, na sua timeline do Twitter, no topo das janelinhas de chat do WhatsApp e por aí vai. Quem se importa com arquivo, história, registro?

Eu me importo. Por isso me incomoda muito a efemeridade presente no pop, gênero que é, obviamente, o mais popular dentro da música. Arte é feita para durar e a música está nesse grupo. É necessário permanecer relevante para ser lembrado.



Claro que há tendências dentro da música e moda não foi feita para durar. Mas estamos cada vez mais mergulhados na era das "rainhas descartáveis" do pop. Vide o suposto decreto do jornal New York Post sobreTaylor Swift ocupar o espaço de Beyoncé, com um título imaginário de "poderosa da música". O fato de Taylor e Calvin Harris terem sido colocados como o "casal mais poderoso do entretenimento", desbancando Beyoncé e Jay Z, só comprova isso. O que importa é o agora, não os anos anteriores. O que mensura influência é grana, não a produção artística. Grandes nomes se desbancam a cada trimestre e milhões de fãs caem nesse tipo de pilha, que tem, como consequência, rixas e disputas nada saudáveis entre fã-clubes e aglomerações de admiradores.

Viseiras são colocadas e ninguém consegue expandir seu campo de visão. Poucos refletem, por exemplo, que Nicki Minaj foi colocada como "rainha" no fim do ano passado, antes do MTV Europe Music Awards (EMA). A rixa entre ela e Iggy Azalea praticamente alimentou uma rejeição à rapper loira, que tem amargado alguns feitos negativos ultimamente - e certamente não é por seu talento (ou falta do mesmo). Antes disso, o posto era de Beyoncé, por supostamente revolucionar o mundo da música com o seu álbum autointitulado, lançado de surpresa no fim de 2013.

Mais para trás, o título alternou entre Katy Perry, Lady Gaga e Rihanna, além de Nicki, Bey e alguma outra que eu tenha esquecido. Dependia de quem estava em voga no momento. Miley Cyrus, coitada, não chega a esse posto por ser tão politicamente incorreta - a despeito da mídia que gera, dos hits emplacados e dos estádios lotados, assim como fazem as colegas. Madonna é lembrada com respeito, mas perdeu influência. Jovens não querem saber mais daquela que ainda ostenta, entre aqueles que entendem mais sobre a história da indústria e de música em si, o posto de "rainha do pop". Antigas queridinhas como Britney Spears, Christina Aguilera, Ciara, Kesha, Jessie J e até Kelly Clarkson, entre muitas outras, perderam espaço. O gênero em questão não permite ter memória.

Não importa se a artista promoveu um baita disco ou uma série de bons singles meses atrás. Caso a opção para um futuro próximo seja separar alguns meses para férias, sem exércitos de paparazzi na cola ou polêmicas, fatalmente perderá o posto.

Quem decreta isso? Especialmente a mídia, que, em muitos momentos, não consegue mensurar o poder que tem. Tem revista que coloca Kim Kardashian como "revolucionária do entretenimento" e Amy Winehouse como "uma das grandes artistas do rock(?)". Tem jornal que faz Taylor Swift parecer maior que Beyoncé apenas pelos últimos meses. Tem site que afunda a carreira de Iggy Azalea por nítida preferência (até por patriotismo) a Nicki Minaj. E persiste o sentimento de rivalidade na música pop.

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